Este texto é fruto da experiência pessoal e da prática de educação ambiental no campus universitário do Gragoatá. Deve ser encarado como uma contribuição extensionista visando a superação de questões ambientais, na localidade, por meio ações inclusivas da comunidade: a pesquisa e aplicação de soluções relacionadas à arborização deficiente e desenvolvimento do cuidado com espécies arbóreas nesse espaço público ampliando a percepção das pessoas sobre o seu meio e permitindo a inclusão de deficientes cognitivos.
A avaliação da área do Campus do Gragotá permitiu constatar que a danificação, supressão ou morte de espécies arbóreas local são fator relevante da deficiente arborização e suas consequências. Assim, o objetivo principal foi a recomposição da cobertura arbórea do campus por meio de acompanhamento e cuidados com mudas plantadas e espécies já existentes.
Outros objetivos foram proporcionar aos estudantes de graduação da UFF uma análise direta da questão da arborização e do cuidado com árvores no interior de uma área pública; permitir maior contato dos integrantes da comunidade com elementos da fauna e flora naturais da área do campus.
Em um enfoque humanista e includente, a proposta se amplia ao permitir às pessoas que possuem alguma deficiência cognitiva, o aprendizado e desenvolvimento de atividades de profissionalização em jardinagem, além da interação com alunos, técnicos e docentes intermediados pela equipe do PVNC.
Com resultados claramente benéficos, a aproximação social e o aprendizado do plantio, acompanhamento e cuidados com flora, produzem uma nova percepção socioambiental, despertam a sensibilidade, o entusiasmo e levam descobertas de potenciais e capacidades existentes nos participantes:
A ação extensionista do PVNC promove bem-estar real, além de todos benefícios intelectuais e profissionais proporcionados aos participantes, aguçando sua sensibilidade estética e estimulando a apreciação e vivência da paisagem do Campus.
Filosofia e Psicologia unidas pelo Ambiente integral
Num enfoque acadêmico, o contato pleno com áreas verdes é de grande importância para o ser humano. A vivência nesses ambientes não apenas potencializa o desenvolvimento saudável do ser, mas o pré-educa a ter gosto, admiração e uma perspectiva de zelo pela natureza. Isso está sendo gradualmente perdido, devido, entre outros fatores, ao processo de acelerada urbanização, de tecnologização da vida, da mistificação do consumo, da falta de tempo e da verticalização das cidades. Associado a esse processo, está a diminuição da qualidade de vida nos centros urbanos (Giddens, 1999).
A Ciência, assim como a Filosofia, são forças para a superação dessa falsa separação do ser humano de seu contato com a natureza, a beleza da Terra e do Universo. Quanto mais aprofundamos o diálogo com o Universo, estudando seus complexos sistemas, mais nos damos conta de sua beleza e elegância. Lutzemberger (1995) afirmava que, pessoalmente, gostava de definir Ciência como a contemplação da divina beleza do Universo, sem medo da emoção contida nesta frase.
A ecologia, como nova ciência, incentiva a ampliação da relação com o universo, por isso, a necessidade de uma reeducação de todos nós seres humanos.
Há diversas publicações, realizadas por profissionais e pesquisadores da saúde e da qualidade de vida, visando encontrar soluções e propondo alternativas para esse problema. É nesse contexto, utilizando o enforque da psicologia ambiental, que se situam as ações do Programa Vida no Campus.
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