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Programa Vida no Campus


Campus Gragoatá - Niterói/RJ
Instituto de Psicologia

A Psicologia Ambiental na prática

Ecologia, ecossistema e meio-ambiente integram uma terminologia característica de problemas considerados típicos do pós-guerra (1939-1945), época em que eram consideradas palavras novas. Seu registro em textos acadêmico-científicos pode ter pressionado a dicionarização destes e de vocábulos correlatos.

Na UFF, já no início da década de 1990, surgiu a preocupação acadêmica frente a observação do abandono dos espaços públicos e do desinteresse dos usuários em geral relativo a essas questões. Com a mudança do prédio do Instituto de Ciências Humanas e Filosofia do Centro da cidade de Niterói-RJ para o do campus situado no bairro histórico do Gragoatá (numa área de 218,4 mil m2), a preocupação voltou-se para a criação de um projeto de extensão especificamente voltado para a preservação e integração dos lugares que, aos olhos e uso de todos, eram percebidos apenas como espaços para circulação de pessoas e carros.

A nova área, resultante de aterros recentes da Baía de Guanabara, era constituída de blocos funcionais de concreto armado para prover dependências para diversos cursos da UFF e permitiam uma vista invejável para o Pão de Açúcar, o Corcovado e a Ponte Rio-Niterói: principais cartões postais do Rio de Janeiro.

Idealizamos um projeto de extensão que ganhou o nome de Vida no Campus, pelos seguintes motivos-objetivos:

  • estabelecer uma ponte entre a vida acadêmico-administrativa, além de um vínculo mais participativo dos funcionários, alunos, professores e visitantes com os ambientes natural e construído do campus;
  • constituir, deste vínculo, a produção de uma conscientização que evitasse pichações, depredações e descaso na manutenção, estimulando atitudes e comportamentos em outra direção;
  • congregar, em torno da ideia, pessoas de diversos segmentos da UFF e da comunidade niteroiense interessadas em preservação, ecologia, paisagismo, arte, cultura e práticas socioambientais;
  • sensibilizar os usuários do campus para os cuidados necessários com os              ambientes, esclarecendo a relação que têm com a saúde física e mental das pessoas;
  • estimular a integração das pessoas com a flora e a fauna que, mesmo antes da construção do campus, habitava a área.

a construção de um psicólogo diferenciado

Causou estranhamento o envolvimento profissional de um psicólogo com problemas ecológicos e com questões relacionadas ao aquecimento do Planeta, poluição, extinção de espécies e degradação de ecossistemas. O mesmo com a ideia de que a atuação de um psicólogo e sua formação profissional deveria envolver a busca da diminuição desses problemas e o desenvolvimento de maior sensibilidade e identificação com a natureza, seus ritmos, seus avisos, seu comportamento e formas de reagir – o que não estava explícito no currículo do curso.

Com esforço incessante, questões comuns (porém importantes) como essas de acompanhar informes meteorológicos, alertas de ocorrências de fenômenos naturais (enchentes, secas, furacões, derretimento de geleiras) e diversos outros tipos de reações e comportamentos do Planeta foram se constituindo preocupação, uma vez que influenciavam as reações das pessoas envolvidas com esses problemas.

O estranhamento se desfez com a construção da psicologia ambiental como área de atuação, que se preocupa com qualquer alerta envolvendo o Planeta e seus habitantes, direta ou indiretamente, considerando que são avisos e fenômenos que têm a haver com atividades desenvolvidas pelos seres humanos interferindo em suas relações com o meio-ambiente e a ecologia como um todo ou em parte.

A Psicologia Ambiental é uma área de atuação nova da psicologia, particularmente no Brasil, onde só a partir do X Reunião Anual promovida em 1999 pela Associação Brasileira de Psicologia Social (Abrapso), na cidade de São Paulo, o tema foi incluído como item de destaque na programação, ensejando convites e participações de psicólogos atuantes na interface pessoas-ambiente.

O interesse pela nova área refletiu-se nas conclusões do XXVI Congresso da Sociedade Interamericana de Psicologia (SP-1997), enfatizando trabalhos voltados para a relação do ser humano com seu meio-ambiente. Já, ali, se discutiu a limitação do termo meio-ambiente, pela necessidade que o interesse psicológico defendia de um ambiente inteiro, onde a inclusão do homem fosse avaliada.

Origens acadêmicas da Psicologia Ambiental

Desde 1954, nos Estados Unidos, Roger Barker e Herbert F. Wright estudavam o que chamavam de Psicologia Ecológica, sendo considerados precursores principais desta subárea da Psicologia. Com o objetivo de estudar acontecimentos cotidianos em condições naturais, organizaram em 1968 a Estação de Pesquisa de Oscaloosa, Kansas, EUA.

Clarisse Carneiro e Pitágoras José Bindé, docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRGN) num artigo intitulado A Psicologia Ecológica e o estudo dos acontecimentos da vida diária” (Carneiro, 1997:393), detalharam o seguinte a respeito dessa nomenclatura:

As denominações Psicologia Ecológica ou Ecopsicologia, utilizadas nos países de idioma germânico (originalmente Okologische Psychologie e, respectivamente, Okopsychologie) correspondem ao que na esfera anglo-americana é designado como Psicologia Ambiental (do inglês Enviromental Psychology). No âmbito anglo-americano, visto globalmente, a Psicologia Ecológica se caracteriza como aqueles trabalhos que são relacionados e orientados quase que exclusivamente à escola barkeriana (Barker, 1968; Barker & Schoggen, 1973; Barker & Wright, 1954).

Porém, o que se entende por Psicologia Ecológica avança o modelo barkeriano, incluindo críticas e desenvolvimentos posteriores que caracterizam a Psicologia Ambiental.

Segundo os psicólogos italianos Mirilia Bonnes e Gianfrancesco Secchiaroli (1995), ‘a Psicologia Ambiental formou-se a partir de duas grandes origens ou raízes teóricas: uma externa à Psicologia e outra interna’ (Carneiro, 1997:363). Na externa identificam-se três grandes tendências advindas da Arquitetura e Planejamento Ambiental, da Geografia e das Ciências Bioecológicas. Já a tendência interna resultou da ação de forças na Psicologia que considerava aspectos não só do ambiente social como também do próprio ambiente físico em sua interrelação com as pessoas e os grupos, preocupações estas, aliás, da Psicologia Social e da Psicologia da Percepção. Tudo aparentemente muito óbvio, mas que só ganhou corpo didático nos meios interessados a partir da segunda metade do século XX, como frisamos em parágrafo inicial.

Ainda que a Psicologia Ambiental tenha surgido com dois vínculos de interesse — o de problemas da degradação ambiental e outro da elaboração de projetos para ambientes construídos — o pesquisador Hartmut Günther da Universidade Nacional de Brasília (UNB) sugeriu em 1991, vários tipos de problemas de interesse da Psicologia Ambiental atual.

A percepção e cognição ambiental influenciam o efeito do comportamento nos ambientes. Cenários diferenciados (de crianças, jovens, adultos, trabalhadores etc.), áreas específicas (como parques, praças, bairros, cidades), construção de determinados locais para obter efeitos sobre o comportamento, mudanças de atitudes, percepções e comportamento frente ao ambiente, e até mudanças e planejamento são necessários para a preservação ambiental.

referências bibliográficas

Barker, R. G & Wright, H. F. – Midwest and its children. The Psychological ecology of an American 1954.
Bonnes, M., e Secchiaroli, G. – Enviromental Psychology, a psychology-social introduction. London: Sage. 1995 apud Carneiro, Clarisse e Bindé, J. Pitágoras-Estudos de Psicologia, 2 (2) 363-367. 1997.
Carneiro, Clarisse e Bindé, J. Pitágoras – Estudos de Psicologia, 2 (@) 363-367. 1997.
Günter, H.; Pinheiro, J. Q.; e Lobo, R. S. –Psicologia Ambiental – Editora Alínea, Campinas, SP. 2004.
ONU, Organização das Nações Unidas – Relatório da Situação da população mundial – “The Economist”, Londres, Reino Unido- jun 2007.
Pinheiro, J. Q. Psicologia Ambiental: a busca de ambiente melhor, Estudos de Psicologia- V 2, n2 (jul /dez. 1997) – Natal: UFRN. Edunfrm, 1996.
Verdugo, V. Corral. Conductas Protectoras Del Ambiente. México: Rm editores, 2002.
CCBA, Câmara de Comércio Brasil-Alemanha – Seminário Remediação de Áreas Impactadas – Firjan, jun 2007.

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